Poema de amor com cidade e rio ao fundo
Volto às vielas antigas onde as palavras já foram gritadas
Becos e ruas formam o palco de um história sonhada
Inventei um amor, e dele dei conta à minha cidade.
Murmurei-o ruidosamente, sempre pela calada da noite.
Passeei na calçada portuguesa.
E roubei uma linha ao Poeta -
A minha Pátria é a Língua Portuguesa.
Agarrei nessa linha e cosi-a ao meu vestido de organdi. Coloquei-lhe uma estrela na gola. Vesti-me de Festa.
Desci a travessa inclinada, com o azul no fundo dos meus olhos.
Naveguei num veleiro com gaivotas por tripulação, olhando para a foz de todos os rios. Este, que me ama e me chama, é apenas - O rio que passa na minha aldeia -
Na outra margem da cidade
Navegas, para te perderes, um olhar que se encontra com o azul quase lilás que trago de outros lugares.
Vejo-te mergulhar no desejo do abismo.
Apanho-te no salto e embalo as tuas tristezas suaves em ternuras dos gritos dos golfinhos.
Já não há margens. As cidades desapareceram. Fica-nos o mar.